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segunda-feira, 16 de março de 2015


Um terrorista numa manifestação
 pretensamente anti-terrorista

 

A CULPA NÃO É DE NETANYAHU


Citado pelo jornal israelita Haaretz, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu aos seus compatriotas que se for eleito não haverá Estado Palestiniano.
 
A declaração é interpretada, pelos adeptos da politiquice barata, como um esforço do chefe do governo para captar os votos da extremíssima direita e dos colonos a quem ele tem feito favores com uma generosidade que antecessor algum ousara atingir, tratando-se de crimes contra o direito internacional.
 
O que Netanyahu disse, porém, é a simples constatação do que ele tem vindo a fazer sem o confessar, mas com pleno êxito. Os avanços na colonização conseguidos pelo governo israelita durante os últimos anos criaram uma situação tal que não existem condições para instalar um Estado Palestiniano viável.
 
Ou seja, Netanyahu mentiu sempre desde que, em 2009, admitiu a solução de dois Estados na Palestina. Mentiu quando atribuiu aos palestinianos as culpas pelos sucessivos fracassos das negociações; mentiu em todas as instâncias internacionais perante as quais garantiu que pretendia negociar, a outra parte é que sabotava o processo.
 
O problema não é que Netanyahu tenha mentido. Há muito que existiam provas de este político israelita que que esteve por detrás das manifestações culminadas com o assassínio de Isaac Rabin é um mentiroso compulsivo.
 
O problema é de quem fingiu acreditar nele, desde os presidentes dos Estados Unidos aos dirigentes dos principais países europeus e da União Europeia.
 
Estes dirigentes são tanto ou mais responsáveis que Benjamin Netanyahu por não haver um Estado Palestiniano – e será dificílimo que o haja mesmo que o chefe do governo israelita não seja reeleito. Todos os agentes influentes na chamada Comunidade Internacional sabiam que Netanyahu mentia quando admitia a existência de um Estado Palestiniano. Bastava que comparassem as palavras com os actos e não poderiam chegar a outra conclusão.
 
Em Washington, Paris, Londres, Bruxelas ou Berlim não faltarão agora as vozes de dirigentes declarando-se surpreendidos com a confissão de Netanyahu. Preparemo-nos para o circo da hipocrisia política montado por acrobatas que, em boa verdade, têm as mãos tão sujas de sangue palestiniano como as do primeiro-ministro israelita. Podiam tê-lo travado de mil e uma maneiras, mas não recorreram a uma única, não mexeram uma palha.
 
E quando, dentro de poucas semanas, nova hecatombe desabar sobre Gaza poupem-nos aos discursos baratos e às lágrimas de crocodilo; cada novo inocente palestiniano assassinado deveria pesar na consciência desses dirigentes, mas para isso era preciso que a tivessem.
 
 

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