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terça-feira, 17 de março de 2015


 
 

VOIVODINA, A PRÓXIMA GUERRA


A balcanização dos Balcãs ainda não acabou, o desmantelamento da antiga Jugoslávia continua em desenvolvimento, a expensas da Sérvia, prestes a sofrer nova amputação. Depois do Kosovo, chega a vez da província da Voivodina.
A recente eleição da cidadã norte-americana e neo-ustachista Kolinda Grabar-Kitarovic como presidenta da Croácia, posto para a qual transitou a partir do cargo de secretária geral adjunta da NATO, e a colaboração estreita que mantém com Victoria Nuland, a subsecretária de Obama que tutelou o golpe de Estado na Ucrânia, tornam praticamente certo que a próxima frente de guerra na Europa será a da Voivodina.
Esta dedução não surge do nada, nem sequer apenas da associação entre as duas citadas pontas de lança do complexo militar industrial norte-americano em terras europeias. Uma das primeiras declarações da nova presidenta croata depois de eleita, aliás por uma unha negra, foi a de que apoiará a autonomia dos croatas na província sérvia da Voivodina, o que vale por dizer, tratando-se de quem é e representando os interesses que representa, que se envolverá na secessão da região.
A Voivodina, região fértil na bacia do Danúbio, é das regiões europeias com maior diversidade étnica e linguística, embora a maioria da população, cerca de 66 por cento, seja sérvia. Na província, que tem como capital a cidade de Novi Sad, a comunidade de origem húngara representa 13 por cento, os croatas não passam de 2,7 por cento, os habitantes de origem eslovaca 2,5 por cento, os roms (etnia cigana) 2,1 por cento e os romenos 1,3 por cento. Uma tal estratificação permite aos demógrafos de serviço em Washington proclamar que a Voivodina é o “Kosovo húngaro”, deixando clara a intenção de trabalhar pela secessão do território.
A Croácia aguarda apenas novas eleições gerais para se lançar abertamente no processo. Se os neo-ustachistas do HDZ da nova presidenta formarem governo esta já tem primeira-ministra na manga, a também cidadã norte-americana Jadranka Juresko-Kero, profundamente associada a interesses israelitas e também aos negócios agro-alimentares. O neo-ustachismo é a versão moderna das milícias nacionalistas que colaboraram com Hitler na perseguição às comunidades balcânicas carecidas da “pureza” croata. Nada há de surpreendente na compatibilidade entre as tendências fascistas da senhora Grabar-Kitarovic e o facto de ter sido secretária geral adjunta da NATO. Olhe-se para a Ucrânia, para as nações bálticas, para a Hungria, onde as milícias nazis guiadas pelo saudosismo do Terceiro Reich rebentam como cogumelos e são inseridas, sem escândalo, nos objectivos estratégicos definidos pela Aliança Atlântica.
Enquanto as eleições croatas não chegam, a nova chefe de Estado  não perde tempo e combina a nova função com a cessante ao serviço da NATO. A Croácia começou a enviar mercenários para os corpos neonazis que servem o governo da Ucrânia saído do golpe de Estado de há um ano e estão envolvidos na balcanização gradual do território ucraniano.
O argumento das tendências secessionistas da Voivodina é elementar: a província não pertencia à Sérvia nos tempos do Império Austro-Húngaro, logo essa situação deve ser restaurada. As verdadeiras razões, claro, são outras e não se limitam ao interesse da NATO e da União Europeia em reduzirem a pó a Sérvia, encarada como uma espécie de cavalo de Tróia da Rússia. A multinacional norte-americana Monsanto olha com cobiça o potencial da bacia do Danúbio como território apropriado para a expansão das suas sementes transgénicas; e as insaciáveis multinacionais petrolíferas pretendem deitar mão às reservas de hidrocarbonetos do Banato, região oriental da Voivodina.
Para que nada fique ao acaso, o fundo financeiro especulativo norte-americano KKR comprou em Janeiro os principais meios de comunicação da Sérvia, incluindo as televisões, assegurando a vertente propagandística da operação. Ao leme do centro estratégico do KKR (Kohlberg Kravis Roberts) está o general David Petraeus, que dispensa apresentações depois dos cargos desempenhados à cabeça da CIA e nas chefias militares envolvidas nas invasões do Iraque e do Afeganistão.

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