VOIVODINA, A PRÓXIMA
GUERRA
A balcanização dos Balcãs ainda não acabou, o
desmantelamento da antiga Jugoslávia continua em desenvolvimento, a expensas da
Sérvia, prestes a sofrer nova amputação. Depois do Kosovo, chega a vez da província
da Voivodina.
A recente eleição da cidadã norte-americana e neo-ustachista
Kolinda Grabar-Kitarovic como presidenta da Croácia, posto para a qual
transitou a partir do cargo de secretária geral adjunta da NATO, e a
colaboração estreita que mantém com Victoria Nuland, a subsecretária de Obama
que tutelou o golpe de Estado na Ucrânia, tornam praticamente certo que a
próxima frente de guerra na Europa será a da Voivodina.
Esta dedução não surge do nada, nem sequer apenas da associação
entre as duas citadas pontas de lança do complexo militar industrial
norte-americano em terras europeias. Uma das primeiras declarações da nova
presidenta croata depois de eleita, aliás por uma unha negra, foi a de que apoiará
a autonomia dos croatas na província sérvia da Voivodina, o que vale por dizer,
tratando-se de quem é e representando os interesses que representa, que se
envolverá na secessão da região.
A Voivodina, região fértil na bacia do Danúbio, é das
regiões europeias com maior diversidade étnica e linguística, embora a maioria
da população, cerca de 66 por cento, seja sérvia. Na província, que tem como
capital a cidade de Novi Sad, a comunidade de origem húngara representa 13 por
cento, os croatas não passam de 2,7 por cento, os habitantes de origem eslovaca
2,5 por cento, os roms (etnia cigana) 2,1 por cento e os romenos 1,3 por cento.
Uma tal estratificação permite aos demógrafos de serviço em Washington
proclamar que a Voivodina é o “Kosovo húngaro”, deixando clara a intenção de
trabalhar pela secessão do território.
A Croácia aguarda apenas novas eleições gerais para se
lançar abertamente no processo. Se os neo-ustachistas do HDZ da nova presidenta
formarem governo esta já tem primeira-ministra na manga, a também cidadã
norte-americana Jadranka Juresko-Kero, profundamente associada a interesses
israelitas e também aos negócios agro-alimentares. O neo-ustachismo é a versão
moderna das milícias nacionalistas que colaboraram com Hitler na perseguição às
comunidades balcânicas carecidas da “pureza” croata. Nada há de surpreendente
na compatibilidade entre as tendências fascistas da senhora Grabar-Kitarovic e
o facto de ter sido secretária geral adjunta da NATO. Olhe-se para a Ucrânia, para
as nações bálticas, para a Hungria, onde as milícias nazis guiadas pelo
saudosismo do Terceiro Reich rebentam como cogumelos e são inseridas, sem
escândalo, nos objectivos estratégicos definidos pela Aliança Atlântica.
Enquanto as eleições croatas não chegam, a nova chefe de
Estado não perde tempo e combina a nova função com a cessante ao serviço
da NATO. A Croácia começou a enviar mercenários para os corpos neonazis que
servem o governo da Ucrânia saído do golpe de Estado de há um ano e estão
envolvidos na balcanização gradual do território ucraniano.
O argumento das tendências secessionistas da Voivodina é
elementar: a província não pertencia à Sérvia nos tempos do Império
Austro-Húngaro, logo essa situação deve ser restaurada. As verdadeiras razões,
claro, são outras e não se limitam ao interesse da NATO e da União Europeia em
reduzirem a pó a Sérvia, encarada como uma espécie de cavalo de Tróia da
Rússia. A multinacional norte-americana Monsanto olha com cobiça o potencial da
bacia do Danúbio como território apropriado para a expansão das suas sementes
transgénicas; e as insaciáveis multinacionais petrolíferas pretendem deitar mão
às reservas de hidrocarbonetos do Banato, região oriental da Voivodina.
Para que nada fique ao acaso, o fundo financeiro
especulativo norte-americano KKR comprou em Janeiro os principais meios de
comunicação da Sérvia, incluindo as televisões, assegurando a vertente
propagandística da operação. Ao leme do centro estratégico do KKR (Kohlberg
Kravis Roberts) está o general David Petraeus, que dispensa apresentações
depois dos cargos desempenhados à cabeça da CIA e nas chefias militares envolvidas
nas invasões do Iraque e do Afeganistão.
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