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sexta-feira, 17 de abril de 2015


 
 
 
Com o senador Mc Cain e mais dois senadores americanos

O HOMEM DA NATO E DO ESTADO ISLÂMICO
Não é a primeira vez que dedico algum espaço ao senhor Abdelkhadim Belhadj, figura destacada dos acontecimentos dos últimos anos na Líbia, na Síria, no terrorismo mundial, nos serviços secretos de países da União Europeia e, um pouco por inerência, mas não só, na NATO. Provavelmente esta não será, também, a última vez.

A razão directa desta abordagem é o facto de o senhor Abdelkhadim Belhadj ter sido referenciado pela Interpol como o chefe do Estado Islâmico, ou ISIS ou Daesh, na região do Magrebe. Trata-se, pois, de acordo da polícia internacional das polícias, de um importante cabecilha terrorista.

Abdelhakim Belhadj é um homem polivalente. Como membro da associação terrorista Grupo Islâmico Combatente da Líbia tentou matar Khaddafi por quadro vezes, entre 1995 e 1998, a soldo dos serviços secretos externos britânicos MI6. Depois passou-se para o Afeganistão, onde se instalou ao lado de Bin Laden, mantendo as mesmas fidelidades até aos acontecimentos de Setembro de 2001, caindo então temporariamente em desgraça perante os seus antigos amos, porque terá sido o ideólogo do sanguinário atentado de Madrid em 11 de Março de 2004.

Acabou preso na Malásia, passou pelas prisões secretas da CIA, onde terá sido torturado não só por esta entidade como pelos serviços secretos britânicos. Libertado em 2010, instalou-se no Qatar, país que tem uma posição chave nos acontecimentos vividos desde então em todo o Magrebe e no Médio Oriente, principalmente na Líbia e na Síria.

E como não há arrufos que sempre durem, Abdelkhadim Belhadj transformou-se rapidamente num herói das acções que conduziram à “libertação” e “democratização” da Líbia, de tal modo que a NATO fez dele o governador militar da capital, Tripoli, reconhecendo assim os relevantes serviços prestados durante a cavalgada vitoriosa para o desmantelamento do país. Belhjadj aceitou com uma condição: que lhe fossem apresentadas desculpas pelos tratamentos às mãos da CIA e do MI6. A seguir, Khaddafi foi assassinado, através de um processo no qual se destacaram os serviços secretos franceses, então às ordens de Sarkozy; e, pouco depois, Abdelhakim Belhadj transferiu-se para a Síria com a missão de fundar o Exército Sírio da Liberdade, a entidade “moderada” para a qual foram canalizados os apoios dos países “amigos da Síria” tão queridos da senhora Clinton, actual candidata a presidenta e então secretária de Estado de Obama.

Cumprida a missão, Belhadj voltou à Líbia, onde instalou a Irmandade Muçulmana na órbita daquilo que pode considerar-se o poder neste país. Ao mesmo tempo, demonstrando quão ténues são as fronteiras entre os “moderados” e os “radicais” do terrorismo islâmico, Abdelkhadim Belhadj fundou campos de treino do Estado Islâmico em território líbio, em Derna, Sirte e Sebrata; contribuiu para a criação de uma representação deste grupo terrorista na Tunísia, em Djerba.

A Interpol identifica agora Abdelkhadim Belhadj como o chefe do Estado Islâmico no Magrebe, numa altura em que todas as baterias de indignação dos principais dirigentes mundiais estão apontadas contra esta entidade.

A verdade é que a França poderia ter levado à letra a opinião da Interpol capturando o cabecilha terrorista quando este visitou Paris, há um ano, em 2 de Maio. Porém, talvez fosse indelicado, diplomaticamente incorrecto, uma vez que Abdelkhadim Belhadj foi então recebido no Ministério francês dos Negócios Estrangeiros do senhor Laurent Fabius, grande amigo de Israel e chefe da diplomacia do senhor presidente e socialista François Hollande.

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