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terça-feira, 5 de maio de 2015


 
SOBRE A CANDIDATURA DE SAMPAIO DA NÓVOA

Confesso que as perspectivas de candidatura de Sampaio da Nóvoa, em seu tempo, me motivaram. Não conheço pessoalmente o candidato, o Congresso das Alternativas ficou muito aquém das expectativas abertas, sofrendo dos males gerais dos projectos libertadores em Portugal, mas a figura de Sampaio da Nóvia, o seu discurso fluente, agregador, inovador e democrático parecia trazer não algo de novo, de muito novo mesmo.
No entanto, a montanha pariu um rato e logo ao tiro de partida. A Sampaio da Nóvoa colaram-se figuras nefastas da democracia portuguesa, altos responsáveis pelo pântano em que o país mergulhou. Provavelmente pretendem usar a candidatura para um branqueamento histórico das malfeitorias feitas, mas isso é cavalgar uma iniciativa potencialmente regeneradora em proveito próprio, estando-se nas tintas para as ideias de mudança. Muito provavelmente, e sem fazer concessões às teorias da conspiração, tais adesões apressadas têm mais a ver com o objectivo de sabotar a própria candidatura.
Assim sendo, e uma vez que tudo está em aberto em relação às eleições presidenciais, e sobretudo em relação às eleições legislativas, essas sim determinantes, pretendo dizer que Sampaio da Nóvoa, com alguns dos seus apoiantes, não. Nada disto tem um juízo de valor sobre o mérito do candidato. Nem sequer pretendo chamar a terreiro o velho chavão de diz-me com quem andas… Porque quero crer (ainda quero crer) que não é esse o caso de Sampaio da Nóvoa.
Simplesmente tenho a certeza de que não se pode tirar o país do pântano na companhia de quem lá o enfiou. Não se pode combater o arco da governação com parceiros do arco da governação.
A minha opinião não conta para nada. Valho um voto, mas tenho estas teclas livres, como sempre, para manifestar, pelo menos, a minha desilusão perante qualquer coisa que prometeu, mais uma, e foi minada à nascença pelos jogos políticos de abutres a quem não chegaram as intimidades com o ciático Carlucci para sabotar Abril, a quem não chegou o 25 de Novembro, a quem não chegou chamar o FMI, a quem não foi suficiente instaurar os contratos a prazo como primeiro passo para a chamada “liberalização do mercado de trabalho”, a quem não chegou abrir as portas à cavacal figura que lhe sucedeu. Estamos fartos de figuras providenciais, desde a múmia de Santa Comba ao fantasma que ainda se arrasta em Belém, mesmo as que assumem a imagem de senadores de uma república que de república nada tem porque a cidadania foi às malvas. É altura do povo decidir, sem paternalismos. Sampaio da Nóvia parecia ir nesse caminho, mas desviaram-no.
Isto é passado, é história, Sampaio da Nóvoa tem as mãos limpas? Acredito. Mas as mãos de alguns dos seus apoiantes estragam onde mexem.
Fica feito o desabafo. Fica aqui plasmado o sentimento de uma profunda desilusão, muito profunda mesmo, acreditem.

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